quinta-feira, 4 de julho de 2013

Retrato sobre a cômoda

Ah! Esses quadros de antanho
Quase tão horríveis como a palavra antanho...
Não de um horrível ridículo mas de um horrível triste,

Porque se pode ver entre o vidro e o retrato
Uma folha outrora verde,uns cabelos que já foram vivos

E agora para sempre imóveis na moldura negra
E,na fotografia,alguém está sorrindo eternamente
Quando um sorriso,para ser sorriso,devia ser efêmero...

Lá fora é uma tarde "fin de siècle",uma tarde outoniça que parece

Tirada da gaveta desta cômoda

...E,nas cartas antigas,também, o amor amarelece

-Mario Quintana

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