sábado, 7 de janeiro de 2017

"Não tinha nenhum santo"

  Primeira semana de 2017 já começou conturbada. Aliás, no primeiro dia do novo ano já houve a ocorrência de ter acontecido ao menos 60 mortes em duas penitenciárias de Manaus, Complexo Penitenciário Anísio Jobim e Unidade Prisional de Puraquequara. Segundo maior número de mortes registradas em presídios, desde o massacre do Carandiru, em 1992, onde as tropas da polícia mataram cerca de 111 detentos durante uma rebelião.
  O que ainda está causando intriga é o porquê dessas mortes estarem ocorrendo. Muitos apostam na ideia de que é uma guerra entre facções, mas de acordo com o Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes "isso é um erro que não podemos cometer, achar que, de uma forma simplista, esse massacre e essas rebeliões são simplesmente guerra entre facções. Aqui, dos 56 mortos, mais da metade não tinha ligação com nenhuma facção. Isso é algo que não vem sendo divulgado, exatamente porque sempre é mais fácil uma explicação simplista". De um jeito ou de outro ele tem razão. Ainda falta muita investigação.

  Várias pessoas se puseram a falar sobre o assunto e a prestar solidariedade à família dos que foram mortos, porém, o Governador do estado do Amazonas, José Melo, já foi um pouco além ao se pronunciar, logo após o comentário descrito acima feito pelo Ministro da Justiça, "não posso fazer comentário sobre o que o ministro falou. Só sei dizer que não tinha nenhum santo. Eram estupradores, eram matadores que estavam lá dentro do sistema penitenciário [...]".

  Calma, as notícias não param por aí. Na tarde dessa sexta feira (6), houve mais 33 mortes registradas em penitenciárias devido a rebeliões, dessa vez, 31 em Roraima, na maior penitenciária do estado, Agrícola de Monte Cristo, e outras duas registradas em Paraíba, no Presídio Romero Nóbrega. O que anda se especulando é de que desta vez as mortes ocorreram por conta da reação da facção do PCC (Primeiro Comando da Capital) ao ocorrido em Manaus, pois em Manaus, a maioria dos detentos eram ligados à facção Família do Norte (FDN), enquanto o PCC era minoria, e em Roraima, seria o contrário. Porém o Ministro da Justiça discorda, dizendo que "nesse presídio houve a separação de presos. Todos eram da mesma facção, todos eram ligados ao PCC [...]. Seria um acerto de contas interno [...]". E ainda em outra entrevista, disse que a situação "não saiu do controle". Será mesmo? Pois a informação que temos é de que a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas sabia há algum tempo que os detentos possuíam armas e também tinham ciência do plano de fuga que aconteceria entre o natal e o ano novo. Sobre essa informação, Alexandre de Moraes se pronuncia "o governo estadual disse que tomou todas as providências para evitar a fuga [...]". "[...] o que é possível afirmar é que uma série de erros ocorreu. Se não, não teria ocorrido o que aconteceu".

  Após o ocorrido, em uma entrevista concedida à CBN, o Governador José Melo comenta sobre a construção de 3 novos presídios. "[...] daqui um ano e meio nós teremos a nossa penitenciária agrícola funcionando e ai nós vamos separar o joio do trigo dentro das penitenciárias", afirmou. Durante a rebelião que ocorreu em Manaus, 184 fugiram, porém, 56 deles foram recapturados, até a noite dessa terça feira (3).

  Infelizmente somos o país que ocupa o 4° lugar no ranking de maior população carcerária, e devido a problemas (administração de dinheiro), nossos presídios sofrem de superlotação, falta de higiene e segurança, pois os detentos ainda tem acesso à celulares, armas, internet, drogas, etc.

  Faço parte daquele grupo de pessoas que acreditam que as pessoas merecem uma segunda chance e que apostam na educação como ajuda, como um meio de solução, pois se você pesquisar, verá que a maior parte dos presos em nosso país possui apenas o ensino fundamental, as vezes nem completo, e são jovens. Pessoas que ainda podemos ajudar, e não jogar numa cela lotada junto com pessoas de mais experiência, das quais temos certeza que ali, vira uma escola do crime.

  Diante de tantas mortes, me solidarizo com a família dos que morreram no massacre. 93 mortes em uma semana, na primeira semana de 2017, das quais todos desejavam que fosse um ano cheio de paz, amor, felicidade. Para uns o ano já virou um pesadelo, para outros, apenas obtemos um trailer do que o ano nos reserva.

Mas e ai 2017, o que vem pela frente?
 

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